sábado, janeiro 28, 2006

E o que é feito da Maria Pedro???


E do seu blog Yume-Yume, o Maçã (3)?

sexta-feira, janeiro 27, 2006

Carta a Joana Amaral Dias. Ditada por Vince e interpretada por Bill

Kathmandu - Nepal, 27 de Janeiro de 2006

Querida Joana,

É com coração pesado que escrevo esta carta. Ainda, na minha memoria, esta fresca os nossos passeios pelas montanhas que tenho no quintal, os beijos que te roubei e os momentos de que passamos na minha tenda no Parque de Campismo Ilha do Pessegueiro...

Foram momentos felizes minha "capuchinho gostosa". Tu eras a minha afrodite de vermelho, a minha revolucionaria de cascais e eu... Eu o lobo estrupador por quem tanto clamavas...O doce fascista que te levava rosas ao fim de semana...

Doce Joana, na cama fomos os maiores causadores do aquecimento global. Eu deite tudo e tu... Tu traiste-me! Sim, eu sei que era uma amizade colorida, tu depois explicaste-me… eu próprio nunca concebi que aquele caixa de óculos do Louçã pudesse dirigir-te palavra sem se engasgar com a própria língua. Mas tu própria – e agora que sei acerca da tua verdadeira natureza – poderias ousar forçar o dirigente a despir-se e introduzi-lo nas artes da violência sexual sob a ameaça de lhe mostrar fotos dos seus “amorosíssimos anarcas” atacando um happy meal na companhia de um Ronald heterossexual.

Mas a tua perfidia não terminou ai não... Com uma frieza desumana cravaste a faca ainda mais fundo no meu coração e trituraste-me a alma com um cutelo...

Joana, porque foste na conversa do Soares? Que te deu ele que eu não te posso dar? Eu juro que posso dizer um “não me apetece” grave e mesquinho nas horas em que um corpo pede o outro. Eu juro que consigo começar a olhar o mundo com os olhos á Teresa Pina, eu sei que consigo levar um estalo de um senhor idoso em frente a uma multidão e ás câmaras. Eu faria isso. Por ti. Por ti.

Joana desde o dia que te vi com o Soares descambei de vez... Fui expulso do PNR e da Frente Nacional, deambulo bebado por Kathmandu e se não fosse a Ana provavelmente estaria morto...

Sim, é verdade, eu agora ando com a Drago. Ela trata bem de mim e sei que sera fiel. Tudo bem, há sempre discussões á mesa acerca da faca de peixe ser á esquerda ou á direita da da carne. Mas sei que vou ser feliz.

Do teu antigo amor
Vince

sexta-feira, janeiro 20, 2006

Exames

domingo, janeiro 15, 2006

Reflexão sobre a campanha eleitoral...

Mário Soares- Será que ele sabe o que é um mp3?

Cavaco Silva- Será que se ele não for eleito, ele vai dar aulas de dança?

Jerónimo de Sousa- Irá ele ser o sócio de Cavaco Silva?

Manuel Alegre- Será que irá arranjar um mandatario para a juventude que saiba falar?

Francisco Louçã- Irá a TVI dar-lhe um emprego a dar titulos as novas telenovelas?

Garcia Pereira- Quem?... Ah! Esse gajo...

Appendix:

Manuel João Vieira: Para quando as 7500 assinaturas?

Pedro Granger: Pah, alguém me cala este "gajo"?

sexta-feira, janeiro 13, 2006

A esfera - Sexta-feira 13

- Experimenta. Podes-te largar aqui, a sério. Não há razões para continuares a ter medo e a pensares da mesma maneira. Agora é diferente. Anda, estende as tuas mãos...

*

Não devia ter feito isto. Ela não ajudou.
-O que se passa? Não gostaste?
Gostei. Gostei demasiado, foste demasiado boa, nunca tive uma mulher como tu. Nunca mesmo, e o problema foi que estive num lugar onde nunca estive antes. Onde a fronteira da insanidade se cruza com o grotesco, e o problema... o problema foi que gostei. Acho que tu sabes porque tu também lá estiveste comigo.
-Sim. Mas merda Lilith, tenho coisas a fazer. Tenho um psicopata á solta e o que é que ando a fazer? A foder a filha dele. Foda-se.
Ela imediatamente parou de ajeitar o sutiã. Não conseguia fixá-la. Tentei fingir que apertava um sapato debruçado sobre o soalho negro ouvi:
- Não estava a pensar nisso. Mas julguei que as coisas fossem diferentes, desta vez mesmo...
- Não, não são. E sabes que mais? Já chega! Vais ficar aqui, trancas as portas, fechas as janelas, e sentas-te até eu chegar. Tenho coisas a ver, o puto morreu faz hoje uma semana. Como é que digo á mãe dele que não encontrei o assassino? Como? Não é a comer-te de certeza que vou lá chegar! Merda!

Fechei a porta e dirigi-me ao Crown. Sabia que as cortinas iam-se afastar, um anjo pálido observar os meus movimentos. Mas não me voltei, quem sabe o que aconteceria se visse de novo o corpo ao qual me afastava. Sei que não deveria ter dito aquilo, ela não tem culpa de nada, mas faz tempo desde que me consegui concentrar em algo, estando ela ao meu lado.
Achei-me a de volta ao local do homicidio do puto. Contornando os mesmos prédios, nas mesmas ruas de sempre. Era noite e os carros pouco ou nada persistiam. Depois de estacionar por baixo de um túnel pertencente á porpriedade de J. passei a fita amarela típica dos sítios onde decorrem investigações judiciais.

Mas não havia ninguém. Fui lá acima, ver o giz no chão que rangia. O sangue nas paredes e que cobria a carpete. J. já fora indiciado, e, inclusivamente preso, se bem que por pouco até ter pago a caução. E continuava nas habituais festas, nas notícias da TV local, não por motivos que tivessem a ver com sangue ou morte. E eu perguntava-me: Qual o meu papel aqui, no meio desta cidade putrefacta? Não mudei absolutamente nada: todas as provas na mesa e ele ainda á solta. Ele bebendo champanhe por taças altas e rindo-se enfiado em fatos de ocasião. Ele continuava o mesmo. E eu... eu tinha-me perdido algures.

Senti o vento quente na cara, assim de repente, acompanhado por sons de madeira a crepitar. Desci as escadas rapidamente, o mais rapidamente que pude, até conseguir ver o que julguei que queria naquela casa amaldiçoada.
- Olá.
A voz era cavernosa e seca. Muito por oposição áquilo que soava no ecrã de um televisor, sempre cordial e sorridente. Mas eu sentia-me aterrorizado.
- Foi fácil passar pelos guardas. Tão pequena é esta cidade, e tão fácil saber os podres de cada um...
- Meu MERDAS!! - Saquei da pistola o mais rápido que pude, mas deu-se um disparo proveniente de trás de mim. E senti a perna a falhar, uma dor lancinante na canela. Foi fácil tombar até ao fim, mas tinha de ver quem é que o tinha feito.

- Lilith!
- Voltei a pôr o báton e sair á rua. Achei que quisesses ter-me de novo. - Disse ela, com a arma ainda fumegando.
Aproximou-se e debruçou-se sobre mim, meteu as mãos na minha cintura e tirou-me as calças muito lentamente, sempre, sempre com um sorriso nos lábios. Poisou as mãos na no meu peito, e começou a lamber o sangue que brotava do ferimento.
- Não!
- Não faz mal... eu trato de ti. Deixa tudo com a Lilith, a partir de agora estás connosco. Oh... vais gostar tanto de ver as nossas decorações na cave!
- Precisamos de ti... e de agora em diante chamar-te-emos Adam. Esta família pode finalmente continuar agora que estamos todos juntos. - Proclamou Jesus rejubilando em alegria pura, o som misturando-se no fogo das labaredas da lareira.
Perdi-me no escuro até encontrar prazer desenfreado. Depois voltei a perder-me.

*

Estendi as minhas mãos, e ela poisou-me um fígado nelas. O cadáver era o de um jovem que encontrámos divagando á noite perto de uma Universidade. Sentia a tentação, e a pergunta sempre pairando: qual o meu propósito aqui?
Neguei-me a mim próprio até perceber que já não havia. Sabia que ela estava certa. Olhei a esfera gigante no céu estrelado que nos observava. E levei á boca o orgão, uivei com eles, enquanto fazia as minhas pinturas de guerra na pele nua.

Tinha renascido.

domingo, janeiro 01, 2006

A Esfera: Parte 12

"Agora que já lanchei... vamos a diversão!"

Foi com estas palavras que J. começou o seu divinal hobbie. Sobre a mesa dois corpos já sem vida e vastamente mutilados. Num faltava uma mão e um figado, noutro as visceras e os rins. Com cuidado ele tirou dum estojo em cabedal uma faca afiada que lhe tinha sido dada pelo pai. Ainda ecoava a velha frase que seu avô lhe tinha dito sobre ela "Sabes esta faca tornou a tua bisavó muito famosa... Só é pena que ainda hoje pensem que a sua obra tenha sido feita por um homem..." Mas isso não aconteceria com ele. O seu trabalho seria reconhecido em todo o mundo e todos saberiam quem ele era. Mais do que satisfazer um apetite, era uma questão de arte!

Lentamente, num trabalho que exige dele tanto amor como atenção, os orgãos eram tirados e conservados em frascos. Os que iam para frascos com alcool seriam para estudo e os restantes... Bom esses iriam para frascos com vinagre para serem consumidos mais tarde, numa qualquer tarde romantica com sua irmã.
Nos musculos e ossos ele não tocará. Depois de retiradas as visceras e outros orgãos do abdomén ele irá serrar a coluna vertebral e pendurará os corpos na cave, de forma a fazerem um cristo perfeito. Acima de tudo J. é um católico e adora arte sacra. Ele possui uma larga colecção destas "cruzes". Nos dias em que ele se sente sem força para continuar a sua "tarefa divina" ele pega numa cadeira e senta-se entre as suas criações... Ai ele volta a encontrar a paz de alma e a fé que necessita para continuar.

As pernas sempre foram um problema para J.. Ele raramente aproveitava alguma coisa abaixo da cintura. Foi por isso que ele tinha aberto um canil. Ele tinha tanta carne em casa e havia tantos animais a passar fome na cidade.... Parecia pecado não ajudar estas pobres e indefesas criaturas de Deus.

Já as cabeças eram o oposto. Ele lembrava-se com muita alegria de quando, ainda em criança, ele e o pai se sentavam a volta duma amena fogueira e cosiam os olhos e bocas das cabeças decepadas que tinha sido "doadas" pelos "amigos" do pai. Ele recordava-se com muita alegria desse tempo em que era tudo mais facil.

E no final uma pequena lembrança para o seu amigo Detective. O olho do puto que trabalhava para ele e a lingua do outro "paciente".
- "Há-de gostar desta lingua- pensava J. na sua inocente linha de raciocinio- É bem gostosa. Até tenho pena de a dar, mas é para o melhor... a tanto tempo que não brinco com alguém!"

Lá fora chovia de forma torrencial mas J. não dava por isso. Estava demasiado feliz com a recompensa espiritual que aquela noite de trabalho lhe tinha proporcionado.
-"Ah! Antes de deitar tenho de ir ver minha esposa... ela já deve estar preocupade comigo!"
Com esse pensamento J. afasta-se da bancada e dirige-se em direcção a uma porta cor-de-rosa que se encontrava atrás dele. Ele abre com muito cuidado a porta murmurando "Morzinho? Estás a pé?". Lá, dentro desse quarto, encontra-se um recepatculo de forma cilindrica feito em vidro... E dentro desse receptaculo, envolta numa mescla de conservantes quimicos encontra-se o corpo de uma mulher... A sua esposa...
-"Oh pobrezinha! Como ela dorme..."
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