domingo, agosto 06, 2006

Portugal 2070 parte 8

Sob o signo da morte ergui-me das catacumbas do templo. Em mim crescia a sede de sangue de gerações inteiras injustiçadas e espezinhadas por tiranos e homens cobardes que viviam da dor dos outros. Sim eu estava cego, mas pela primeira vez via. Via o mundo com os olhos de um recem nascido. As verdadeiras cores que me eram apresentadas marcavam a minha mente como um ferro em brasa. Eu estava livre da mediocridade humana, livre para seguir a minha missão e despertar o meu povo dum pesadelo de decadas...

- Vem caminhante. Esta porta irá levar-te através do espaço e tempo até ao centro de Lisboa. Lá os Tecnocratas e Oligarcas travam a batalha final... E tu os irás matar a todos e trazer a nossa patria de novo a fé dos deuses.

Com um gesto decisivo atravessei a porta e encontrei-me em plena batalha. O cheiro a carne humana queimada pelo napalm enchia o ar ao ponto deste ser irrespiravel. As balas voavam como morcegos pelo ar, cegos e sem destino até encontrarem o seu nicho no peito de algum soldado. Eu atravessava este pedaço de Inferno imune a todo o que rodiava... Até ouvir o som dum soldado a engasgar-se no seu proprio sangue.

- Tu ai?... Ve...Vem cá... toma es...este radio... telefona ao QG... Pede um bomb...bombardeamento para esta localização... acaba com os tecn...

E com esse ultimo suspiro ele morreu. Ao analisar o mapa descobri 3 localizações, o QG dos tecnocratas, dos Oligarcas e da frente de batalha. Com os meus dedos descobri as coordenadas e pedi dois ataques aereos... E corri na direcção do Castelo para apreciar o espetaculo que iria desenrolar...

Ao longe ouvi o som dos misseis a chover sobre Lisboa. Em menos de algumas horas os Tecnocratas foram destruidos e a espinha dorsal dos Oligarcas foi dizimada. E enquanto o dia nascia sobre a cidade, a noite caia sobre o meu coração...
Creative Commons License
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs 2.0 Brazil License.