A esfera - Parte 9
São quatro da manhã e este sítio cheira a mijo.
- Por favor... não me diga que o Detective nunca fez Teatro. Este episódio passou-se, e digo-lhe que aprendi muito...
- Nunca consegui aprender nada dentro de paredes. Tudo o que tenho hoje foi á minha custa, nas ruas...
As gargalhadas dela são contagiantes...
- Voçê acha que eu sou a típica menina rica que tem tudo o que quer, sempre que quer não é assim Detective? Ficaria surpreendido com a quantidade de coisas que temos em comum...
Esta tasca, era o que de mais perto dos escritórios havia e a única que estava aberto a estas malditas horas. Mas ao passo que já estive em lugares piores, nunca vi toalhas de mesa tão rotas e encardidas como esta. Ela, no entanto, parece não se importar. Gostava que se tivesse sentado ao meu lado, o perfume ia afastar os cheiros ácidos e... as memórias sombrias para longe, quem sabe se... para sempre...
- Acha que sou uma cabra? - Perguntou abraçando-se a si própria, desviando o olhar para o passeio. Não me deu tempo de responder. - Eu tenho a certeza que sou. Que filha miserável denunciaria o pai desta maneira?
- Voçê fez a escolha acertada menina Lilith. O seu pai...
- Voçê não conhece o meu pai! Ele sempre foi bom para mim, nunca me faltou com nada, esteve sempre lá, sempre... ao contrário da minha mãe...
- Menina... - Sussurrei, olhando-a nos seus olhos esmeraldas em mágoa. E de repente, as minhas mãos sobre as dela.
Nesse momento o telemóvel tocou, ao mesmo tempo que me apercebi que o sol raiava sobre as florestas de betão circundante.
- Idiota de merda.
- Chefe, ele acabou de sair de casa, está-se a meter no carro.
- Já a estas horas?
- Sim. Tinha uma caixa quadrada forrada a papel de embrulho que meteu no porta bagagens. Está a arrancar agora... Que faço agora Chefe?
- Segue-o estúpido! Tal como te mandei! E diz-me para que sítio é que se dirige depois.
- Chef...
Vamos andando, até ao Crown Victoria, que se encontra estacionado a dois quarteirões. Misturamo-nos com os bêbados com insónias que não têm regresso a casa, e que preferem esquecer que já é de dia.
- Onde vamos?
Podia dizer-te querida, mas assim não teria tanta piada não é? As reacções são das poucas coisas neste trabalho que ainda me dão prazer...
- Já irá ver...
Passados dez minutos ao volante, ela reconhece o bairro. Quem não o reconheceria de qualquer maneira? Moradias baixas, paredes ainda brancas, azul límpido em piscinas fundas... Não há aqui sítio igual...
- Voçê ainda tem as chaves de casa do seu pai... certo Lilith?
- Por favor... não me diga que o Detective nunca fez Teatro. Este episódio passou-se, e digo-lhe que aprendi muito...
- Nunca consegui aprender nada dentro de paredes. Tudo o que tenho hoje foi á minha custa, nas ruas...
As gargalhadas dela são contagiantes...
- Voçê acha que eu sou a típica menina rica que tem tudo o que quer, sempre que quer não é assim Detective? Ficaria surpreendido com a quantidade de coisas que temos em comum...
Esta tasca, era o que de mais perto dos escritórios havia e a única que estava aberto a estas malditas horas. Mas ao passo que já estive em lugares piores, nunca vi toalhas de mesa tão rotas e encardidas como esta. Ela, no entanto, parece não se importar. Gostava que se tivesse sentado ao meu lado, o perfume ia afastar os cheiros ácidos e... as memórias sombrias para longe, quem sabe se... para sempre...
- Acha que sou uma cabra? - Perguntou abraçando-se a si própria, desviando o olhar para o passeio. Não me deu tempo de responder. - Eu tenho a certeza que sou. Que filha miserável denunciaria o pai desta maneira?
- Voçê fez a escolha acertada menina Lilith. O seu pai...
- Voçê não conhece o meu pai! Ele sempre foi bom para mim, nunca me faltou com nada, esteve sempre lá, sempre... ao contrário da minha mãe...
- Menina... - Sussurrei, olhando-a nos seus olhos esmeraldas em mágoa. E de repente, as minhas mãos sobre as dela.
Nesse momento o telemóvel tocou, ao mesmo tempo que me apercebi que o sol raiava sobre as florestas de betão circundante.
- Idiota de merda.
- Chefe, ele acabou de sair de casa, está-se a meter no carro.
- Já a estas horas?
- Sim. Tinha uma caixa quadrada forrada a papel de embrulho que meteu no porta bagagens. Está a arrancar agora... Que faço agora Chefe?
- Segue-o estúpido! Tal como te mandei! E diz-me para que sítio é que se dirige depois.
- Chef...
Vamos andando, até ao Crown Victoria, que se encontra estacionado a dois quarteirões. Misturamo-nos com os bêbados com insónias que não têm regresso a casa, e que preferem esquecer que já é de dia.
- Onde vamos?
Podia dizer-te querida, mas assim não teria tanta piada não é? As reacções são das poucas coisas neste trabalho que ainda me dão prazer...
- Já irá ver...
Passados dez minutos ao volante, ela reconhece o bairro. Quem não o reconheceria de qualquer maneira? Moradias baixas, paredes ainda brancas, azul límpido em piscinas fundas... Não há aqui sítio igual...
- Voçê ainda tem as chaves de casa do seu pai... certo Lilith?
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