domingo, janeiro 01, 2006

A Esfera: Parte 12

"Agora que já lanchei... vamos a diversão!"

Foi com estas palavras que J. começou o seu divinal hobbie. Sobre a mesa dois corpos já sem vida e vastamente mutilados. Num faltava uma mão e um figado, noutro as visceras e os rins. Com cuidado ele tirou dum estojo em cabedal uma faca afiada que lhe tinha sido dada pelo pai. Ainda ecoava a velha frase que seu avô lhe tinha dito sobre ela "Sabes esta faca tornou a tua bisavó muito famosa... Só é pena que ainda hoje pensem que a sua obra tenha sido feita por um homem..." Mas isso não aconteceria com ele. O seu trabalho seria reconhecido em todo o mundo e todos saberiam quem ele era. Mais do que satisfazer um apetite, era uma questão de arte!

Lentamente, num trabalho que exige dele tanto amor como atenção, os orgãos eram tirados e conservados em frascos. Os que iam para frascos com alcool seriam para estudo e os restantes... Bom esses iriam para frascos com vinagre para serem consumidos mais tarde, numa qualquer tarde romantica com sua irmã.
Nos musculos e ossos ele não tocará. Depois de retiradas as visceras e outros orgãos do abdomén ele irá serrar a coluna vertebral e pendurará os corpos na cave, de forma a fazerem um cristo perfeito. Acima de tudo J. é um católico e adora arte sacra. Ele possui uma larga colecção destas "cruzes". Nos dias em que ele se sente sem força para continuar a sua "tarefa divina" ele pega numa cadeira e senta-se entre as suas criações... Ai ele volta a encontrar a paz de alma e a fé que necessita para continuar.

As pernas sempre foram um problema para J.. Ele raramente aproveitava alguma coisa abaixo da cintura. Foi por isso que ele tinha aberto um canil. Ele tinha tanta carne em casa e havia tantos animais a passar fome na cidade.... Parecia pecado não ajudar estas pobres e indefesas criaturas de Deus.

Já as cabeças eram o oposto. Ele lembrava-se com muita alegria de quando, ainda em criança, ele e o pai se sentavam a volta duma amena fogueira e cosiam os olhos e bocas das cabeças decepadas que tinha sido "doadas" pelos "amigos" do pai. Ele recordava-se com muita alegria desse tempo em que era tudo mais facil.

E no final uma pequena lembrança para o seu amigo Detective. O olho do puto que trabalhava para ele e a lingua do outro "paciente".
- "Há-de gostar desta lingua- pensava J. na sua inocente linha de raciocinio- É bem gostosa. Até tenho pena de a dar, mas é para o melhor... a tanto tempo que não brinco com alguém!"

Lá fora chovia de forma torrencial mas J. não dava por isso. Estava demasiado feliz com a recompensa espiritual que aquela noite de trabalho lhe tinha proporcionado.
-"Ah! Antes de deitar tenho de ir ver minha esposa... ela já deve estar preocupade comigo!"
Com esse pensamento J. afasta-se da bancada e dirige-se em direcção a uma porta cor-de-rosa que se encontrava atrás dele. Ele abre com muito cuidado a porta murmurando "Morzinho? Estás a pé?". Lá, dentro desse quarto, encontra-se um recepatculo de forma cilindrica feito em vidro... E dentro desse receptaculo, envolta numa mescla de conservantes quimicos encontra-se o corpo de uma mulher... A sua esposa...
-"Oh pobrezinha! Como ela dorme..."

4 Comments:

Blogger CS said...

Olá, Bill! Eu também gosto de histórias, pena é que os capítulos demorem tanto tempo a chegar (:

Um excelente 2006 para ti e que haja folhas brancas (muitas) rapidamente cheias de histórias!

Jinhos!

5:02 da tarde  
Blogger Sara MM said...

?!??!!?!??!!? Isto é horrível!!!´

6:37 da tarde  
Blogger Ana said...

BOMMMMM ANO 2006 :)

Ana

9:35 da tarde  
Blogger Poor said...

délicatessen!!!

7:18 da tarde  

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